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Manaus recebe Messa da Requiem, de Giuseppe Verdi
142 anos depois, Manaus assistirá a homenagem de Verdi a Manzoni. Por Aretha Lins, Secretaria de Estado de Cultura quinta-feira, 12 de maio de 2016
Retratando o caminho da morte, passando pelo Purgatório, Paraíso e Juízo Final, Messa da Requiem, de autoria do italiano Giuseppe Verdi, foi composta originalmente para homenagear o compositor Gioachino Rossini, falecido em 1868. Inicialmente, seria uma homenagem composta por diversos músicos, e coube a Verdi a composição de uma das partes: Libera me. No entanto, a homenagem foi cancelada pelo comitê organizador. Verdi continuou trabalhando em Libera me, compondo sozinho o Requiem inteiro. A homenagem acabou sendo para o romancista Alessandro Manzoni, morto em 1873, um escritor e militante pela independência italiana, a quem Giuseppe muito admirava. Na missa de um ano da morte de Manzoni, em maio de 1874, a Igreja de São Marcos, em Milão, recebeu a primeira apresentação de Messa da Requiem, regida pelo próprio Verdi, com participação dos mesmos solistas de Aída, outra de suas obras, sendo aclamada pelo público na sua estreia. 142 anos depois, Manaus assistirá a homenagem de Verdi a Manzoni no mesmo mês do aniversário de sua morte, como parte das programações do XIX Festival Amazonas de Ópera, realizado pelo Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de Cultura. O concerto é o primeiro da série dos Concertos Bradesco, e acontece no Teatro Amazonas no dia 14 de maio, a partir das 20h. A apresentação fica a cargo da Amazonas Filarmônica e do Coral do Amazonas, com solos de Daniella Carvalho, Luisa Francesconi, Juremir Vieira e Gianluca Lentini, sob a regência de Luiz Fernando Malheiro, maestro titular da Amazonas Filarmônica. Preparo e rotina Messa da Requiem é dividida em sete partes: Introito, Dies irae, Ofertorio, Sanctus, Agnus Dei, Lux aeterna e Libera me, sendo a segunda e a última consideradas as mais apoteóticas da obra. Dies irae trata do Juízo Final, onde todas as almas serão conduzidas a Deus para serem julgadas, e Libera me, que faz referência a Dies irae, se trata de um pedido de libertação da morte eterna e do Julgamento Final. Um fato interessante sobre a peça é que uma das partes da obra, Libera me, um solo de barítono, integra uma das próprias óperas de Verdi: Don Carlo, composta em 1867. “Esse trecho foi cortado de Don Carlo, mas como já existe a partitura refeita, quando apresentamos essa peça, apresentamos com o trecho refeito”, explica o maestro Luiz Fernando Malheiro. A última apresentação da peça composta por Verdi, em Manaus, aconteceu em 2008, no XII Festival Amazonas de Ópera. O local da apresentação foi a Catedral de Nossa Senhora da Conceição, a Igreja Matriz da capital amazonense. Os ensaios para a apresentação da peça de Verdi começaram mais de um mês antes do início do Festival. “Nós temos músicos muito bons no nosso estado. A orquestra fez ensaios de leitura, conduzindo maravilhosamente bem. O coro também está bem preparado com os solistas muito afinados. Temos profissionais extremamente capacitados”, ressalta Malheiro. O diretor artístico do Festival explica que o FAO, em 19 anos de existência, se baseia em diretrizes importantes, como a valorização dos artistas brasileiros. “Muitos cantores de ópera que saem do Brasil e que fazem carreira fora, ficam anos sem serem lembrados pelas organizações dos teatros. Foi o caso da cantora Eliane Coelho, que fez uma grande carreira na Ópera de Viena. Sua volta ao Brasil se deu justamente neste Teatro Amazonas, quando nós a convidamos para cantar Madame Butterfly, de Giacomo Puccini, no III Festival”, conta. Luiz Fernando Malheiro destaca que o Requiem de Verdi é uma obra singular, porque mesmo sendo uma obra religiosa, tem um caráter extremamente teatral. “Messa da Requiem é uma obra dramática e, até hoje, é bastante programada e executada pelas grandes orquestras e grandes casas de ópera no mundo inteiro”. O XIX Festival Amazonas de Ópera Como parte do XIX Festival Amazonas de Ópera, acontecem os Concertos Bradesco, onde, além de Messa da Requiem, serão apresentadas obras como o Guia Orquestral para Jovens, de Benjamin Britten e Pedro e o Lobo, de Sergei Prokofiev. O Festival também comemorará os 400 anos da morte do escritor inglês William Shakespeare, autor do clássico Romeu e Julieta, com os concertos Cervantes e Shakespeare in Love. Durante o Festival, serão apresentadas obras em parceria com a Universidade do Estado do Amazonas, como Don Giovanni, de Wolfgang Amadeus Mozart; e concertos especiais com voz e piano. O Festival também apresenta a ópera Adriana Lecouvreur, de Francesco Cilèa, em parceria com o Theatro de São Pedro, em São Paulo, com execução da Amazonas Filarmônica, Corpo de Dança do Amazonas e Coral do Amazonas, sob regência de Luiz Fernando Malheiro. O XIX Festival Amazonas de Ópera acontece entre os dias 01 e 31 de maio, com apresentações no Teatro Amazonas, Teatro da Instalação e no Centro Cultural Palácio da Justiça. O Festival também conta com uma programação acadêmica de palestras e cursos com profissionais renomados da ópera brasileira, como André Heller-Lopes, Daniella Carvalho e Fábio Namatame.
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