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Arte, educação e infância em debate no Caua
Artistas, educadores e pesquisadores de Amazonas, Ceará e São Paulo discutem temas com foco no universo infantil. Por Jony Clay Borges, quinta-feira, 6 de outubro de 2016
Artistas, educadores e pesquisadores discutem as relações entre arte, educação e universo infantil na segunda e última edição dos Diálogos do projeto “Brincar/Dançar/Jogar/Criar”, neste sábado, dia 8, no auditório do Centro de Artes da Universidade Federal do Amazonas (Caua/Ufam), no Centro. A atividade gratuita é voltada a educadores, pedagogos, artistas, bailarinos, atores, estudantes e interessados em processos artísticos para crianças. “Brincar/Dançar/Jogar/Criar: Oficinas, Processos Criativos e Diálogos” é uma iniciativa do Projeto Cênica Corporal Uma, do artista amazonense Francisco Rider. O projeto foi contemplado com o prêmio Funarte Klauss Vianna de Dança 2014, e tem apoio cultural da Secretaria Municipal de Educação de Manaus (Semed), do Curso de Dança da Escola Superior de Artes e Turismo da Universidade do Estado do Amazonas e do Caua/Ufam. O encontro no Caua terá a participação de Selma Bustamante, atriz e diretora do Grupo Baião de Dois (AM); Ecila Mabelini (AM), pesquisadora e doutoranda em Literatura Infantil e Juvenil; Uxa Xavier, diretora da Cia. Lagartixa na Janela (SP); e Gandhy Piorski (CE), artista visual e pesquisador do imaginário infantil, que será o mediador das atividades.
Arte e lugar da infância Nesse aspecto, a artista relembra a vivência que teve ao lado de Ilo Krugli, arte-educador do Teatro Ventoforte, nos anos 1980. “Ilo seguia essa experiência de trabalhar a arte como um todo. Por exemplo, se vou trabalhar com Teatro, na construção do espaço já entra a plástica, no jogo entra uma música e por aí vai”, comenta a artista, recordando que até nas expressões populares as artes são integradas. “Essa separação só acontece depois”. Por sua vez, Ecila vai tratar sobre o lugar da criança e do jovem no mundo e nas sociedades, enfocando diferentes momentos na história da infância, no tema “O universo da criança e do jovem: Olhar periférico”. “Além disso, pretende-se mostrar modos de apreensão desses sujeitos e suas infâncias em obras e suportes variados”, completa. Para a pesquisadora, tratar da infância implica refletir sobre a condição da criança frente à diversidade de valores do mundo contemporâneo e sobre seu papel num mundo em constante mudança. “Acima de tudo ouvir, é as vozes das crianças que por muito tempo estiveram à margem ou tiveram sua condição reprimida”, declara.
Performance e imaginação “Todo o processo de criação desse trabalho foi uma experiência muito forte e transformadora para toda a equipe que participou, então vou contar um pouco como tudo aconteceu”, antecipa a artista e educadora. A imaginação da criança é o tema que Gandhy pretende explorar em sua participação nos Diálogos. Segundo o pesquisador, é por meio dela que as crianças se vinculam ao mundo, constroem conhecimento e também a individualidade. “O objetivo é aprofundar o entendimento sobre imaginação: o que é e de onde vem essa faculdade? Imaginação e fantasia são a mesma coisa? O que se propõe para as crianças no cinema, na televisão, na publicidade, é imaginação? É entender bem do que se trata, de onde provém e como se pode alimentá-la”, explica. Para Gandhy, o tema importa à medida em que muitas crianças vivem imersas em territórios como a mídia de massa ou a Internet. “Pretendo questionar por que se deixou a criança ir para esse lugar. Hoje desconhecemos a fala original e essencial da criança, deixando de perceber o que ela quer dizer. A ideia é conhecer mais essa linguagem própria dela”.
“É fabuloso porque traz à tona temáticas fundamentais sobre o universo infantil e fundamentalmente por proporcionar à criança o contato com o fazer artístico”
“É uma iniciativa interessante no aspecto de que as discussões sobre a infância têm um elemento vital que precisa ser conhecido em outras áreas: o estudo do corpo. O corpo é um lugar da infância também, e a Educação e outras disciplinas da Cultura tem muito a aprender com isso. Uma proposição vinda do universo da dança para se discutir a infância de forma mais ampla é especial e significativa nesse sentido”
ECILA MABELINI é professora e pesquisadora, nascida em Manaus. É graduada em Licenciatura Plena em Letras (Língua Portuguesa/Inglês) pelo Centro Universitário Fundação Santo André, e Mestre em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP, onde desenvolveu pesquisa no campo da Literatura Infantil e Juvenil. Hoje é doutoranda no Programa de Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa, da USP, na mesma área. UXA XAVIER é professora de dança para crianças há mais de 30 anos. É membro do Council Internacional Dance (CID) da Unesco e professora convidada no Curso de Teoria e Prática em Arte e Educação da ECA-USP na linguagem de dança. Integrou o Fórum Paulista de Cultura da Infância entre 2008 e 2009. Atualmente dirige o Lagartixa na Janela, grupo de pesquisa e criação em Dança para espaços públicos/Dança em contexto e Educação, iniciado em 2010. GANDHY PIORSKI é artista visual e pesquisador das práticas da criança em comunidades tradicionais, tendo pesquisado brinquedos de meninos de 25 comunidades do Ceará. É consultor para diversos projetos voltados à infância nas áreas do cinema, dança, teatro, literatura, urbanismo, arquitetura e educação. Foi curador da exposição “Mais de Mil Brinquedos para a Criança Brasileira”, no Sesc Pompeia (SP/2013). FRANCISCO RIDER é um artista independente, nascido em Manaus. Sua formação artística se deu entre Rio de Janeiro, São Paulo e Nova York, onde viveu entre 1986 e 2006, em instituições como Escola Maria Olenewa (RJ), The Center for Movement Research e Trisha Brown Dance Company (NY). Desenvolve há 20 anos a Pesquisa Cênica Corporal Uma, explorando as linguagens da Dança Contemporânea e das Artes Visuais.
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