Um grupo de 180 venezuelanos já estão em solo manauara, desde a tarde desta terça-feira, 4/9, trazidos à capital do Amazonas por meio do processo de interiorização, promovido pelo governo Federal. O grupo, formado principalmente por famílias, chegou a Manaus em voos da Força Aérea Brasileira (FAB), saído de Boa Vista (RR). Em seguida, com apoio do Exército e Aeronáutica, foram levados para o abrigo do Coroado, na zona Leste, administrado pela Prefeitura de Manaus, por meio da Secretaria Municipal da Mulher, Assistência Social e Direitos Humanos (Semmasdh).
"A orientação do prefeito Arthur Virgílio Neto é que recebamos os venezuelanos da melhor forma possível, mas é necessário que haja uma participação maior, principalmente do governo estadual. Continuamos recebendo imigrantes por meio de uma demanda espontânea que não é possível a Prefeitura acolher todo mundo. Não podemos esquecer a nossa população que vive aqui e também necessita de atenção", afirmou o secretário municipal da Semmasdh, Dante Souza.
Para o atual trabalho desenvolvido pela secretaria, o governo Federal transferiu recursos na ordem de R$ 1,920 milhão, para atender 400 venezuelanos pelo período de um ano.
As famílias serão acompanhadas por uma equipe multidisciplinar, formada por assistentes sociais, psicólogos, antropólogo e tradutores. O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) também estará acompanhando o desenvolvimento dos imigrantes na cidade. O objetivo é integrá-los à comunidade e ao mundo do trabalho.
"Temos pessoas com formação acadêmica, formação profissional, prontos para serem inseridos no mundo do trabalho. Nossas ações são voltadas a oferecer oportunidades a essas famílias que tem passado por momentos tão difíceis", declarou Sebastian Roa, do Acnur.
Para Eduardo Jesus, 39 anos, é a oportunidade de começar uma nova vida, diferente das dificuldades que estava vivendo na Venezuela e em Boa Vista. Ele chegou acompanhado da esposa e quatro filhos pequenos.
"Sou motorista profissional. Em Venezuela não tínhamos mais comida. Em Boa Vista não conseguia trabalho. Agora espero poder dar uma nova vida à minha família", concluiu Eduardo.
Com a chegada dos novos imigrantes, a Prefeitura de Manaus passa a atender, aproximadamente, 600 imigrantes venezuelanos em três espaços de acolhimento.
Todos os imigrantes que aceitam participar da interiorização passam por exame de saúde, são imunizados e abrigados na cidade de destino.
Abrigo do Coroado
O Abrigo do Coroado, que no ano passado atendeu aos venezuelanos indígenas warao, foi cedido à Prefeitura de Manaus pelo Governo do Estado. Para atender aos venezuelanos, passou por um processo de adequação realizado pelo Acnur que estruturou os quartos, comprou mobílias como armários e beliches, ventiladores e uma cozinha industrial.
A Prefeitura de Manaus, por meio da Semmasdh, foi a responsável pela estruturação de uma lavanderia e área para a realização de cursos e treinamentos para o mercado de trabalho, além da contratação de equipe técnica que irá acompanhar os imigrantes no dia-a-dia.