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Solo Vanessa propõe intercâmbio cultural do teatro negro da Bahia à cena preta periférica
A performance percorrerá as zonas leste e norte manauara neste mês de dezembro. Por Iris Brasil, sexta-feira, 11 de dezembro de 2020
A performance percorrerá as zonas leste e norte manauara neste mês de dezembro.
O projeto é a primeira direção da artista Daniely Lima, que iniciou esse processo cênico e os estudos sobre identidade negra ainda em sua graduação em Teatro. “O solo aborda questões identitárias da vida pessoal da intérprete, Kelly Vanessa, e o recorte de classe que tanto atravessam a situação socioeconômica quanto as relações afetivas e interpessoais. Falar da vida pessoal de alguém, principalmente quando se é a vida pessoal dessa intérprete, tem que ser um lugar de muita sensibilidade, porque a gente está lidando com a história de alguém, histórias reais”, disse a diretora. A direção do espetáculo também se baseia em buscar referências ancestrais e pensar o corpo preto enquanto memória, prezando a ressignificação dos acontecimentos pessoais ocorridos à atriz ao longo de sua vida que a tornaram a mulher de hoje como um processo de cura e de criação de afeto com seu corpo. “Estou hoje com 30 anos e nunca quis falar muito sobre minha identidade. Eu nunca quis me colocar como mulher preta. E hoje, que estou recém-formada em Teatro, comecei a pesquisar mais sobre as invisibilidades em relação às mulheres pretas de se reconhecerem. As pessoas usam muito a questão do ‘moreno’, da ‘morena’, e eu acho que hoje estou em um processo de reflexão, de escuta e de observação não somente dos que estão ao meu redor mas também do meu eu interior”, comentou a intérprete Kelly Vanessa sobre o processo árduo de reconhecimento de sua negritude. Contemplado pela Lei Aldir Blanc através do Prêmio Manaus Conexões Culturais 2020, da Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Evento (Manauscult), “Vanessa” conta com a interlocução e provocação da atriz do Bando de Teatro Olodum (BA), Cássia Valle, uma das grandes referências do estudo artístico sobre memória ancestral e arte preta do Brasil. “A Cássia Valle traz um refrigério e amparo para o processo. Ela trata com uma leveza essa questão de se reconhecer enquanto mulher preta que eu vejo e penso ‘Como ela consegue falar sobre assuntos tão doloridos para gente que tem sofrido e passado cada momento?’”, disse Kelly sobre as provocações da artista baiana. Circulação do espetáculo O solo “Vanessa”, que conta com a produção de Thalia Barbosa e Jonathan Farias, também tem o intuito de descentralização e será apresentado no Centro Cultural Sidney Cerdeira, no bairro Coroado 2, e no Centro de Convivência Pe. Pedro Vignola, na Cidade Nova, zonas leste e norte de Manaus, respectivamente. “A gente estabeleceu que nós faríamos o mapeamento de alguns espaços culturais da cidade de Manaus localizados em áreas periféricas para abordar essas questões e então estão previstas as apresentações e, logo após, debates relacionados à gênero e identidade”, finalizou a diretora Daniely Lima. As apresentações de “Vanessa”, por serem presenciais, terão a capacidade máxima para vinte pessoas, seguindo protocolos de segurança sanitária para evitar a contaminação pelo Covid-19, como o distanciamento entre os assentos e distribuição de álcool em gel na entrada dos espaços. Para mais informações, entrar em contato pelo telefone (92) 98178-4713 ou pelos perfis no Instagram @daniely.lima_ ou @kellyvanessatpp.
14/12 - 18h - Centro de Formação AWARÉ. Rua Sucupira, n. 1111, Colônia Terra Nova.
Direção: Daniely Lima
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