Para comemorar os 12 anos do projeto Curumim na Lata, desenvolvido pela Secretaria Municipal de Educação (Semed), por meio do Centro Municipal de Artes e Educação (CMAE) Aníbal Beça, o grupo de percussão realizou o show ‘Canto da Floresta’, na noite desta quinta-feira, 29, no auditório da unidade, no São José 3, zona Leste de Manaus. Músicas regionais como ‘Brasileira’, de Lucinha Cabral, ‘Porto de Lenha’, de Torrinho e Aldísio Filgueiras, toadas de boi e até nacionais, como ‘Aquarela do Brasil’, fizeram parte do repertório da apresentação.
O show reuniu mais de 200 pessoas, entre pais de alunos, ex-participantes do grupo, educadores, comunitários, e as secretárias municipais de Educação, Kátia Schweickardt, e da Mulher, Assistência Social e Direitos Humanos e primeira-dama, Goreth Garcia. O espetáculo contou com a participação de mais de 30 alunos do CMAE.
O Cururmim na Lata utiliza instrumentos feitos a partir de objetos reaproveitáveis, como latas, alumínios e outros. O projeto tem o objetivo de preservar e diminuir os impactos ambientais, demonstrando ser possível reaproveitar materiais recicláveis para a confecção de instrumentos musicais alternativos.
A secretária da Semed, Kátia Schweickardt, destacou a importância do projeto para a Rede Municipal de Educação, por explorar múltiplas dimensões na formação das crianças e adolescentes, e por demonstrar diversos valores humanos. “O Curumim na Lata é um projeto muito interessante, porque supera a ideia de trabalhar somente com meninos em situação de risco. Além disso, tem uma proposta ambiental atrelada à música. E é possível traduzir este aprendizado, adquirido durante as aulas, por meio da mensagem musical passada durante as apresentações”, disse.
O repertório amazônico foi interpretado de forma harmônica, com instrumentos de cordas, como violão; de sopro, como flauta doce e transversal; e, principalmente, instrumentos de percussão alternativos, que abrilhantaram o show. Ao todo, foram tocadas 13 canções, cada uma com uma versão inovadora de harmonia, melodia e musicalidade.
A secretária da Semmasdh e primeira-dama, Goreth Garcia, teve a oportunidade de assistir a apresentação que marcou o aniversário do grupo e parabenizou o trabalho das pessoas envolvidas na ação. “Saio daqui hoje mais convencida de que é possível fazer muito com a inteligência, com a criatividade, respeitando o meio ambiente e, sobretudo, as pessoas, as crianças e os adolescentes. Admiro muito o projeto e o professor Carlos Valdez que coordena esse trabalho, assim como o professor Jorge Farrache, que está à frente do CMAE. Projetos como esse, podemos levar para qualquer área da cidade, porque estimula o talento das pessoas e proporciona um aprendizado, não só da música, mas para a vida”, assegurou.
O gestor do CMAE Aníbal Beça, Jorge Farache, afirmou que o grupo é muito importante para o centro e que é possível perceber o quanto o projeto progrediu em 12 anos, inclusive com o crescimento da demanda de alunos em busca de cursos e atividades promovidas no local. “Além disso, a partir do Curumim na Lata, o CMAE pode promover o regaste da cidadania de muitos jovens e crianças que estavam em situação de risco e vulnerabilidade social”, disse ele, citando que muitas pessoas que passaram pelo grupo, aprenderem tocar um instrumento e estão no mercado de trabalho como percussionistas profissionais, tirando seu sustento da música. “Isto nos motiva a continuar e a forma mais pessoas”, completou.
O início
O projeto de percussão Curumim na Lata começou em 2003. Em 12 anos de história, vem apresentando um repertório variado para empresas do Polo Industrial de Manaus (PIM), entidades e órgão importantes na Região Norte, como Agência de Fomento do Estado do Amazonas (Afeam), Universidade Federal do Amazonas (Ufam), escolas da rede municipal de ensino e eventos da Prefeitura de Manaus.
Além disso, o projeto percorreu municípios do Estado do Amazonas, como Manaquiri, Presidente Figueiredo e Manacapuru, em apresentações. Por ano, chega a beneficiar 100 pessoas e no decorrer de sua trajetória já contou com a participação de, aproximadamente, 1.200 alunos da rede municipal de ensino. Por ano, o grupo chega a se apresentar para cerca de 30 mil pessoas.
O idealizador do projeto e o professor de percussão, formado em uma escola de música na Venezuela, Carlos Valdez, contou que iniciaram com um projeto-piloto, porque a intenção era fazer música de uma forma diferente. Segundo ele, em seguida, iniciaram os estudos sobre as sonoridades obtidas em instrumentos reaproveitados, de forma bruta, do meio ambiente.
De acordo Valdez, após esses passos, iniciaram um trabalho de conquistar os alunos para que sentissem vontade de tocar estes instrumentos de percussão não convencionais. “Hoje, a minha maior felicidade é saber que conseguimos transformar pessoas que estão e que já passaram por este grupo, por meio da música. Nesta data, estou me sentindo extremamente feliz e realizado por ver todos os nossos desafios vencidos e tantos alunos satisfeitos”, ressaltou.
Transformação de vida
Atualmente, o grupo agrega cerca de 50 alunos. Eles participam do projeto no contraturno escolar, dependendo do horário que estudam no ensino regular. Os integrantes têm aula de música duas vezes por semana, sendo duas horas por aula. Um dos participantes do projeto é Adson Gemaque. Ele entrou para o grupo com 8 anos e hoje tem 17. Segundo ele, o Curumim na Lata transformou sua a vida.
“O grupo é muito importante para mim. Além de me trazer conhecimento sobre música, me ajuda a trabalhar valores como respeito ao próximo, trabalhar em grupo, humildade, saber ouvir o outro. Não pretendo sair tão cedo, porque adoro este grupo, ele me motiva e dá significado a minha vida”, afirmou.