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Sauim de Coleira: A História de uma Espécie Ameaçada de Extinção

A obra dos biólogos Maurício Noronha e Dayse Campista.

Por Três Comunicações,
quinta-feira, 5 de novembro de 2015
 
 
 

Sauim de Coleira: A História de uma Espécie Ameaçada de Extinção
Maurício Noronha. / Foto: © DIVULGAÇÃO

A obra dos biólogos Maurício Noronha e Dayse Campista é a mais completa já escrita sobre um primata brasileiro

Espécie símbolo da cidade de Manaus, o sauim-de-coleira (Saguinus bicolor) é o personagem principal da obra dos biólogos Maurício Noronha e Dayse Campista, lançada recentemente. Intitulado “Sauim de Coleira: A História de uma Espécie Ameaçada de Extinção”, o livro é o mais completo já escrito sobre um primata brasileiro, desvendando seus segredos e detalhes de sua convivência conosco ao longo dos tempos - desde 1823, data do seu descobrimento, pelo zoólogo bávaro Johann Baptist Ritter Von Spix, até hoje, agora na condição de um dos mamíferos mais ameaçados de todo o bioma amazônico.

“Os sauins-de-coleira já eram conhecidos pelos índios há milhares de anos, mas a comunidade científica só tomou conhecimento de sua existência por capricho da história. Sua descoberta se deu por conta da vinda da princesa Leopoldina da Áustria, que trouxe uma comitiva de naturalistas, para conhecer as potencialidades do país”, explica Maurício Noronha.

Hoje, devido ao severo desmatamento e fragmentação do seu hábitat natural, provocado pelo crescimento desordenado da região metropolitana de Manaus, a espécie encontra-se na Lista de Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção do Ministério do Meio Ambiente (MMA), na categoria ‘criticamente ameaçada de extinção’.

O pequeno primata ocupa, apenas 7.500 km2, em parte dos municípios de Manaus, Rio Preto da Eva e Itacoatiara. “Essa é uma das menores áreas de distribuição geográfica conhecidas, entre os primatas brasileiros”, ressaltou o autor do livro, que também revela, que por ocorrer numa área tão pequena, qualquer perda de habitat natural, por desmatamento, representa um importante impacto negativo na população da espécie.

Com o desmatamento, o sauim fica sem floresta, sem alimento e sem abrigo, não existindo mais condições para a sua sobrevivência. Além disso, os sauins ainda são obrigados a enfrentar enormes desafios para os quais a evolução não os preparou. Num mundo de cimento e asfalto, eles precisam lidar com inúmeros perigos, como: ruas, avenidas, intenso tráfego de veículos, redes elétricas e animais domésticos. O resultado é que os sauins estão perdendo a batalha pela sobrevivência e a cada dia encontram-se mais perto da extinção.

Na obra lançada, Maurício e Dayse discorrem sobre os reflexos diretos e indiretos do homem na natureza, sendo considerado o protagonista do declínio populacional e do desaparecimento de muitas espécies. “É necessário encontrar novos caminhos para reverter os processos atuais de degradação, pois isso garantirá não apenas a conservação de animais e plantas, mas também a nossa qualidade de vida”, aponta o biólogo.

Maurício destaca que o sauim é parte da riqueza da biodiversidade da região, um animal em luta desigual com o homem, tentando sobreviver ao avanço da cidade sobre a floresta. “Ele é um ícone emblemático para o Amazonas, assim como o mico-leão-dourado é para Mata Atlântica, o panda-gigante é para a China, e o tigre é para a Índia. O sauim faz parte da cultura local e povoa a história dessa região”, disse o biólogo.

Campanha Salve o Sauim

Para colaborar com a conservação da espécie, foi lançada em Manaus a campanha Salve o Sauim, que vai culminar com uma petição pública on line, que já começou a circular e pretende obter 100.000 assinaturas a serem entregues ao poder público federal e estadual, respaldando a reivindicação de criação de novas Unidades e Conservação (UCs) para o primata, além das que já existem.

 

Em longo prazo, as UCs são a parte principal da estratégia de conservação da espécie. Atualmente, o sauim-de-coleira encontra-se insuficientemente protegido em Unidades de Conservação. A única maneira de tirar a espécie do caminho da extinção é protegendo os últimos blocos florestais que ainda restam, antes que estes também sejam destruídos. Isso só será possível transformando essas áreas em UCs. Ao manter o sauim na natureza – como uma espécie saudável e viável - também estamos conservando a floresta, a biodiversidade e os serviços ambientais dos quais nos beneficiamos, informou Dayse Campista.

 

A Campanha Salve o Sauim é uma iniciativa da Fauna e Flora Consultoria, em  parceria com o IBAMA, ICMBio, Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade Amazônica, Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Primatas Brasileiros, Plano de Ação Nacional para a Conservação do Sauim-de-coleira, Sociedade de  Zoológicos e Aquários do Brasil, Ministério Público Federal, Projeto Sauim-de-Coleira (UFAM), Primate Education Network e Durrel Wildlife Conservation Trust.

 

Para informar ao público sobre o movimento, foi criada a página CAMPANHA SALVE O SAUIM no Facebook. A petição online para a criação de Unidades de Conservação para o sauim-de-coleira está no endereço http://bit.ly/SalveoSauim.

 

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